quinta-feira, 22 de março de 2012

Reunião Aberta Neaspet – Debate a história do gorila mais importante da América Latina.



Idi Amin, o Gorila do Brasil


                Iniciando um novo ciclo de reuniões abertas no Neaspet, sugerimos o tema do falecimento de um dos mais ilustres animais silvestres em cativeiro no Brasil e na América Latina. O debate ocorreu em clima de luto e, ao mesmo tempo, interesse devido a importância que o gorila Idi Amin adquiriu diante da sociedade e comunidade científica brasileira e mundial na área de animais silvestres.  Idi pode ter se transformado num símbolo de luta pelo bem estar animal e, a partir dele, outros animais podem ser beneficiados e enxergados além de “mais um” em cativeiro. O grande número de ouvintes presentes na reunião manifestou a relevância do assunto para quem tem real interesse na área.


           De origem selvagem, Idi Amin - como é chamado carinhosamente-, viveu 37 anos em território brasileiro alocado em um recinto no Parque Zoo-Botânico de Belo Horizonte, Minas Gerais – Brasil.
            Idi, que pertence à subespécie Gorilla gorilla gorilla (algumas populações ainda podem ser encontradas em reservas da África Central), chegou ao Brasil em 1975 oriundo do zoológico francês Saint Jean Cap Ferrat. Nesta ocasião estava acompanhado de Dada, fêmea da mesma espécie, e ambos tinham idade aproximada de dois anos. Infelizmente, em 1978 Dada veio a óbito por complicações na saúde (infecção generalizada). Sabendo da importância de preservar a espécie e da necessidade de estar em companhia, a equipe responsável por Idi começou uma busca por fêmeas em todo o mundo que fossem compatíveis com o gorila. Em 1984 surgiu a primeira tentativa; Cleópatra – proveniente do zoológico de São Paulo – chegou ao PZB-BH já debilitada e veio a óbito após 14 dias em terras mineiras. Resultado, Idi continuou solitário por longos 27 anos.
            Entretanto, nesse meio tempo a diretoria do Zoo esforçava-se em uma parceria que mudaria todo o curso da história do gorila. Não apenas parcerias, mas finalmente parceiras  estavam a caminho do Brasil. A Fundação inglesa Jhon Aspinall assinou um acordo com a Sociedade de Amigos da FZB-BH em parceria com a empresa Vale, onde tramitava uma transformação do zoológico brasileiro em um centro de reprodução da espécie G. gorilla gorilla. Para adequação do local a chegada de duas espécimes fêmeas, a empresa Vale patrocinou a obra de reestruturação do recinto de exposição, quarentena, traslado e viabilizou intercâmbio entre técnicos brasileiros e europeus.
            Á época, os investimentos foram questionados por uma parcela da população. A falta de políticas públicas para a comunidade local próxima ao zoológico instigava as comunidades carentes de Belo Horizonte, como a do Bicão, a reclamar dos investimentos direcionados ao Zoo; ali havia uma débil estrutura sanitária, educacional, habitacional e de lazer para as crianças. Mesmo assim o projeto foi executado.
            Em agosto de 2011 as fêmeas Imbi e Kifta, ambas com 11 anos, foram recebidas no zoológico de BH. A adaptação e a reação das gorilas ao encontro com Idi foi acompanhada de perto. Resultados positivos foram visíveis desde o primeiro contato e houve registro de ao menos três acasalamentos entre Idi e Imbi, ainda sem confirmação de gestação. Idi apresentou comportamento dominante de macho, indicando sua boa condição física à reprodução.
            No final de 2011, Idi Amin - que passava por diversos tratamentos para controlar doenças manifestadas ao longo dos anos -, teve a saúde fragilizada. Em 2012, uma ação conjunta de várias enfermidades levou à decisão da equipe técnica à contenção farmacológica do gorila para tratar mais urgentemente problemas como desidratação e coleta de amostras de sangue para novos exames. No dia 7 de março, em nota técnica, a FZB-BH afirmou com “profundo pesar” o descrito
:“Infelizmente, devido ao seu estado já debilitado, Idi apresentou uma parada cardiorrespiratória irreversível e veio a óbito às 11 horas.”  As fêmeas – Imbi e Kifta – acompanharam de perto o tratamento de Idi e apresentavam “comportamento natural e carinhoso”.
            Ainda em nota, a Fundação agradeceu “
profundamente à população de Belo Horizonte, aos seus funcionários, aos colegas da PBH, aos profissionais veterinários e médicos, colegas de outros zoológicos, parceiros, colaboradores e amigos que sempre apoiaram e contribuíram para garantir ao Idi as melhores condições de saúde e bem-estar durante sua estadia”.
            No mesmo dia, o fato virou notícia em dezenas de jornais pela internet, milhares de comentários com condolências foram postadas em redes sociais e reportagens na mídia visual foram feitas às pressas para mostrar à população a perda de Idi Amin.  

Marília Ribeiro

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Para Curiosos: Pesquisas recentes comprovam semelhança genética entre gorilas e humanos mais aproximada do que entre chimpanzés.

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