domingo, 7 de outubro de 2012

A INFLUÊNCIA DO FOTOPERÍODO NO MANEJO REPRODUTIVO


    O manejo reprodutivo é uma das áreas mais importantes de atuação do zootecnista. Entre tantos fatores que estão correlacionados com a reprodução voltaremos nossa pesquisa para um dos fatores primordial para a obtenção de sucesso na reprodução de animais: o fotoperíodo.
O fotoperíodo é um dos aspectos que merece atenção para um manejo de reprodução de alguns animais, inclusive para algumas espécies é um fator decisivo para que ocorra a reprodução.  O Felis catus domesticus (gato doméstico), Oryctolagus cuniculus (coelho), o Serinus canarius domesticus (canário) e o Betta splendens (peixe beta) são exemplos de animais que interagem diretamente com o fotoperíodo em seus processos reprodutivos. Fotoperíodo é a duração do dia em relação à noite em um tempo de 24 horas, que ora provoca uma marcante influência sobre o aparelho reprodutivo masculino, ora influencia nas atividades do aparelho reprodutivo feminino.

Figura 1: Filhotes de Coelho

A via do sistema nervoso central envolvida com a interpretação da luz inclui a Retina, o núcleo supraquiasmático, o gânglio cervical e a glândula pineal. A glândula pineal é responsável pela tradução dos estímulos do fotoperíodo, organizando temporalmente os ritmos biológicos, atuando como mediadora entre o ciclo claro/escuro ambiental e os processos regulatórios fisiológicos, incluindo a regulação endócrina da reprodução, a regulação dos ciclos de atividade-repouso e sono/vigília assim como a regulação do sistema imunológico, produzindo melatonina em resposta à escuridão. A melatonina é uma neurosecreção secretada naturalmente pelo corpo durante a noite. Ele é uma espécie de sinal biológico para a chegada da noite, permitindo que o organismo sincronize seu funcionamento com o passar do dia e da noite. Estudos na área da cronobiologia com conhecimentos da bioquímica constataram que a melatonina em animais que têm longo período de gestação é um hormônio pró-gonadotrófico, enquanto em animais com curtos períodos de gestação a melatonina é antigonadotrófica, ou seja, umas espécies sofrem influência positiva com o fotoperíodo aumentado, enquanto outras sofrerão influência negativa.

O Serinus canarius domesticus (canário) precisa de 14 a 16 horas de luz para que dê início a reprodução, alimentar e cuidar de seus filhotes corretamente. Predominando neste caso o fotoperíodo aumentado como influência positiva para o manejo reprodutivo. Testes indicaram que a iluminação que excede esta faixa, 17 a 18 horas, apresenta resultado menos satisfatórios. Se for utilizada a iluminação artificial para a reprodução de aves deve-se levar em conta o tipo de radiação promovida pela lâmpada, luminância, frequência e temperatura de cor. Pode-se escolher em aumentar gradativamente a iluminação artificial, de forma que seja acrescentado 2 x 15 minutos por semana, cujo resultado é mais longo, mas em compensação terá melhores resultados de ovos férteis ou realizar a mudança de forma brusca, estendendo-se o período diário de luz, neste caso as aves responderão mais rápido ao tratamento com uma problemática de que a primeira ninhada apresentará baixa fertilidade e as aves fornecerão poucos bons resultados ao longo da estação reprodutiva.
Figura 02: Ovos de canário

Observamos que poucas pesquisas voltadas ao estudo da influência do fotoperíodo no manejo reprodutivo são realizadas, este texto foi produzido com o intuito de despertar pesquisas que permitam um maior entendimento e uma aplicabilidade correta de um fotoperíodo reduzido ou aumentado em um manejo correto para o sucesso reprodutivo de determinadas espécies.                





BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
REECE, William O.. Fisiologia de Animais Domésticos. Tradução de Nelson Penteado Júnior. Roca, 2 ed, São Paulo-SP,  p. 297-298, 1996.
TULLY JR, Thomas N.; DORRESTEIN, Gerry M.; JONES, Alana K.. Clínica de Aves. Tradução Cap. 8 de Thaís Caroline Sanchez. Elsevier, 2 ed, São Paulo – SP, cap. 8, 2010.
MARKUS, Regina P.; AFECHE, Solange C.; BARBOSA JR, Eduardo M.; LOTUFO, Celina M. da C.; FERREIRA, Zulma da S.; NETO, José C.. Glândula Pineal e Melatonina. In: www.crono.icb.usp.br, acessado em 25 de outubro de 2012. 

Bruno Pessoa Lima

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